Administração da Vida: se você não faz, outros farão por você!

O artigo apresenta a tese de que a Administração é essencial na vida de todas as pessoas e que todos deveriam aprender a matéria desde muito cedo. Sem ela qualquer ser humano vive em condição de dominado, mesmo que não saiba.

A vida é um conjunto de fatos ligados à administração, quer pela aplicação de seus princípios básicos, quer pela navegação sem rumo, que não deixa de ser um modelo.

Imagine que alguém nasce sem pai, numa família desestruturada, de baixo poder aquisitivo, em um bairro de periferia, com pouca ou nenhuma infraestrutura de bem estar. Nesta situação, já é possível depreender que esta pessoa vai precisar ultrapassar barreiras inimagináveis para encontrar o seu ponto de equilíbrio nos campos físico, mental e social, pressupondo uma renda ou um estilo de vida que permita isto.

Começa, em milhões de casos, pela quase ausência de educação familiar, passa pré-escola, normalmente inexistente para quem não tem renda. Depois vem a educação básica, com inúmeras barreiras qualitativas,  até a profissionalização inicial ausente para a massa dos jovens brasileiros. Neste processo há a influência dos grupos dos quais os jovens participam, que quanto mais baixa a renda, maior a probabilidade de desvio dos estudos e da profissionalização sadia. Alguns poucos chegam então à formação superior, sempre enfrentando condição de restrição, em um caminho abarrotado de pontos críticos.

É verdade que uma pessoa nascida de forma planejada, em uma família de maior poder aquisitivo, pode passar por todos estes desafios, mas a probabilidade de sucesso aumenta, uma vez que alguns dos fatores de risco inerentes à situação econômica desaparecem. Há riscos específicos que surgem frequentemente em famílias de maior renda com inversão de valores importantes para a formação do caráter e de comportamentos positivos da criança e do adolescente. Isto ocorre muitas vezes pela ausência prolongada dos pais, pela delegação de processos educacionais indelegáveis e pela crença equivocada de que bens materiais substituem a atenção e o carinho. O resultado, não raras vezes é catastrófico.

Sendo assim, se você tivesse consciência que iria colocar uma pessoa no mundo para sofrer, qual seria a sua decisão? Daí vem a questão: quantas pessoas tem consciência das restrições? Quantas pessoas tem consciência de sua real situação? Quantas pessoas compreendem o significado de bem estar? Sobre qual bem estar estamos falando? O de um bêbado, cujo bem estar depende da bebida, o de um sábio monge tibetano, cujo bem estar depende de meditação e equilíbrio, ou o de um bilionário sovina cujo bem estar depende de sentir o prazer do dinheiro pelo poder que ele confere? Fazendo esta reflexão, podemos imaginar que tudo decorre de uma forma de administrar a vida.

Há dezenas de conceitos para administração, mas independentemente de qual se adote, envolve decisões, em processos que incluem definição de objetivos e dos caminhos para atingi-los, comunicação, coordenação de ações e revisão permanente de tudo, sempre sob condições de escassez de recursos e de restrições. Isto vale para empresas, governos, igrejas, clubes, famílias e todas as demais organizações humanas. Vale também para todas as pessoas, para todos nós.

Se isto é verdade, a melhoria das condições de vida das pessoas depende de administração. Do nascimento até a morte de uma pessoa tudo gira em torno da administração, mesmo que ela não saiba. Indo adiante,  se uma pessoa não administra a própria vida, como vai administrar a vida de outros?

Quando uma pessoa não administra nada, sua vida passa a ser administrada por outros. A questão então é: quantas pessoas nascem sabendo administração? A resposta? 0 (zero). Todos os humanos nascem com 0(zero) de conhecimentos, mesmo com uma carga genética mais favorável ao enfrentamento de determinadas situações com talento inato, ninguém nasce com conhecimentos sobre administração. Este “chip” ainda não pode ser comprado.

Pensando desta forma, como é possível sabermos que tudo depende de administração e não incluirmos esta disciplina nos currículos da educação básica? Estudar história, geografia e até filosofia é importante, já estudar a possibilidade concreta de conquistar êxito na vida é secundário, ou terciário. Parece que é melhor fazer parte de uma família pobre, podendo filosofar sobre pobreza no contexto histórico e geográfico, do que conhecer as ferramentas mais importantes para mudar a sua situação de vida. Da mesma forma parece que não interessa tratar assuntos sobre gestão familiar desde cedo para deixar que a vida traga as respectivas surpresas ao longo do tempo. Isto chega a parecer insano. O homem se desenvolve, mas os procedimentos educacionais de base continuam jurássicos em relação aos conhecimentos acumulados sobre administração ao longo dos séculos.

Todas as disciplinas são importantes, mas administração é essencial e mais, administração não funciona como disciplina isolada. Ela representa a integração prática de dezenas de outras áreas: antropologia, sociologia, psicologia, matemática, estatística, direito, economia, tecnologia da informação e outras, dependendo de cada caso. É esta integração que permite ao ser humano ganhar uma visão crítica de contexto. Imagine se as crianças aprendessem a “brincar” desde cedo um método como a Análise SWOT, que poderia ser readequado e transformado em algo lúdico. Imagine educadores preparados para orientar as crianças de forma adequada a partir dos resultados obtidos. Isto está muito longe da realidade.

Se alguém está com ódio do mundo e com fome, vai matar. Se alguém se acha superior a tudo e a todos e está drogado,  em um momento de insanidade vai matar. Diante da escassez de tudo, ou da sobra de tudo, o homem é dominado por seu instinto animal e, neste ponto, não há história, geografia e filosofia que resolva. Um mata e vai preso ou não, outro morre e não pode mais refletir.  Sobra a discussão filosófica para saber quem é o culpado: o próprio assassino, ou a sociedade que desconhece administração e pensa que todas as pessoas nascem sabendo administrar, porque é só uma questão de bom senso, amostra grátis da falta de conhecimento sobre o assunto. Assim como bem estar é relativo, também é o bom senso. O que é bom senso para uns não será bom senso para outros. Bom senso para um homem bomba é se explodir no meio da multidão. Já para o Papa e para o Dalai Lama é pregar a harmonia para que todos vivam em paz e amor pleno. Não existe bom senso comum sem consenso. Como consenso é sempre difícil de ser obtido, imagine sempre que não há bom senso comum.

Assim sendo uma família deveria ter o direito de ganhar discernimento sobre gerar ou não um filho, ou um filho a mais. Os chefes de família sejam ricos ou pobres, precisam compreender a responsabilidade de gerar, criar e manter filhos. Isto exige análise de vontades e de orçamentos, além de coerência entre intenções e  ações. Isso é incomum em um país no qual cerca de 75% da população possui dificuldade em interpretar textos de maior complexidade, sendo 7% completamente analfabeta. Bem estar e bom senso para uma grande parte da população é fazer amor sem contraceptivos, porque assim ela se sente bem.  Naquele momento está tudo ótimo, depois só Deus sabe. Zero de administração, 100% de culpa da sociedade, ou somente uma parte da  vontade divina, como se os filhos realmente brotassem de uma vontade que não pertencesse a cada um de nós.

Assim como um deus, com “d” minúsculo por ser qualquer um,  e como o ar, Administração está em tudo. Administrar faz parte da vida de todos, em cada dinheiro ganho, em cada dinheiro gasto, inclusive em situações de inexistência de dinheiro. Administração está em cada decisão, mesmo que você não veja e não saiba, ela está ali para apontar desdobramentos. Por este motivo administração deve ser disciplina em todos os níveis de ensino. Com certeza as histórias de sucesso não ficarão somente restritas aos livros e vídeos de autoajuda e de negócios.

Há muito trabalho para ser feito, de forma remunerada ou voluntária, mas não haverá melhoria contextual enquanto perdurar o analfabetismo, incluindo o analfabetismo em administração, que por existir já mostra o quanto somos deficientes em administrar.

Todo ser humano tem direito de saber que se não fizer a administração de sua própria vida, outros farão por ele e a isto se chama dominação.

Fonte: administradores.com

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A Loupe Consultoria em RH é uma consultoria em Recursos Humanos especializada na busca de candidatos em middle management, em todo o território Nacional.

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