Perdeu o emprego e quer investir o FGTS em um negócio? Veja cuidados

Reserva financeira extra e ‘plano B’ são fundamentais, orienta consultor.
Usar o Fundo é sempre melhor que contrair crédito, mas é preciso planejar.

Após ser demitida do banco Itaú, onde trabalhou por 23 anos, Neide Rosa fez cursos para tentar um novo emprego. Aposentada aos 50 anos, ela decidiu arriscar e investir parte do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que havia sacado para abrir um negócio próprio.

 

E AGORA?
G1

Perdi o emprego, e agora? Ao longo desta semana, o G1 vai dar dicas para quem está sem trabalho, e contar histórias de brasileiros que superaram essa dificuldade e voltaram a se recolocar

Neide inaugurou uma franquia de serviços de limpeza, a Maria Brasileira, no bairro paulistano da Mooca, em maio deste ano. O investimento total do negócio, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), fica entre R$ 47.900 e R$ 57.900.

“Eu não pensava em usar o dinheiro do FGTS para esse fim quando fui demitida, em novembro do ano passado. Mas os cursos que fiz no Sebrae abriram minha cabeça para essa possibilidade”, conta a empresária.

Ainda é cedo para saber quando o negócio começará a dar retorno financeiro, mas o benefício da aposentadoria tem servido para Neide se manter até que isso aconteça. Ela estima que vai precisar de cerca de um ano para ter de volta o que investiu.

“Todo mundo sabe que negócio próprio não dá lucro imediato. É importante ter uma renda guardada no começo ou uma reserva para sobreviver nos próximos meses, por isso não dá pra usar 100% do dinheiro da rescisão”, diz Neide.

Ex-executivo usou 100% do Fundo
José Ricardo Pereira os Santos, de 49 anos, foi demitido de uma empresa de navegação em abril. Apenas 45 dias depois, já havia assinado um contrato para abrir uma franquia de ensino de idiomas, a Yes!. Com 22 anos de experiência no ramo, ele chegou a recusar ofertas de trabalho em concorrentes para empreender.

“Antes mesmo de sair da empresa eu já pensava em montar um negócio próprio”, conta. Santos usou 100% do dinheiro que sacou do FGTS para abrir a escola de idiomas, que será inaugurada no fim de setembro.

Ele guardou uma reserva financeira, que juntou para gastar enquanto a empresa não dá lucro. Para Santos, a reserva foi essencial para poder usar todo o FGTS. “Antes de investir é preciso ver se você terá condições de esperar o negócio faturar e sobreviver nesse período”, conta.

Para o educador financeiro André Massaro, não há problemas em usar todo o FGTS se a pessoa tiver outras reservas financeiras para se manter enquanto o negócio não “decola”, ou em caso de insucesso. “Do contrário, é uma atitude temerária”, alerta.

Para Santos, o momento mais crítico da empreitada é o da expectativa pelo retorno. Mas ele se diz confiante e conta não temer o atual momento de crise econômica. O espaço físico onde funcionará a escola foi alugado por um preço bem menor em relação a tempos de economia aquecida.

“Tem muitas oportunidades na crise e o ramo de ensino é um dos que se beneficiam, porque as pessoas querem investir em educação quando o desemprego aumenta”, acredita o empreendedor.

Negócio arriscado exige ‘plano B’
Para o consultor financeiro Valter Police Junior, usar o FGTS para abrir um negócio próprio é bastante arriscado. “Considero fundamental, além de elaborar um plano de negócios consistente, tem um plano alternativo, caso a empreitada não dê certo”, recomenda.

Police orienta que o aspirante a empreendedor tenha afinidade com o negócio que vai abrir e mantenha recursos para emergências, para minimizar os riscos. Para o consultor, essas ações costumam funcionar melhor quando se abre a empresa diante de uma oportunidade, e não somente porque se precisa de lucro.

Massaro acredita que usar o FGTS para abrir um negócio é uma fonte de capital barata e “disponível”, além de ser melhor que recorrer a empréstimos ou a um sócio capitalista. “Se o projeto der certo, o negócio pode prosperar e “o céu é o limite”, explica.

Mas o educador financeiro alerta para o risco de o projeto dar errado e o aspirante ficar não só sem empresa e sem emprego, mas também sem dinheiro. “Os riscos devem ser minuciosamente pesados antes de tomar uma decisão como essas”, alerta.

O demitido precisa ter em mente que um negócio tem prazo de maturação e, com frequência, pode simplesmente “não dar certo”, diz Massaro. “Por isso deve ter reservas adicionais para dar cabo de suas obrigações financeiras enquanto o negócio não gera dinheiro. Também precisa ter alguma reserva para a eventualidade de o negócio não vingar”.

Cuidados
Para Massaro, o desempregado também precisa analisar friamente se realmente quer abrir um negócio ou se está empreendendo por falta de oportunidade de arrumar um emprego. “Às vezes, pode ser melhor esperar uma situação mais favorável para retornar ao mercado de trabalho, procurando comprometer o mínimo possível as reservas financeiras”.

Caso a pessoa realmente opte pela via empreendedora, é preciso fazer a “lição de casa”, que consiste em definir um modelo de negócios consistente e avaliar, de forma conservadora, quais serão as necessidades financeiras para o negócio e para a própria vida pessoal, recomenda Massaro.

Finançar ou usar o FGTS?
Massaro acredita que usar o recurso próprio é sempre preferível do que obter recursos em um empréstimo. “Crédito no Brasil, em qualquer modalidade, é algo caro. Se a pessoa tem dinheiro próprio (do FGTS) disponível, é preferível utilizá-lo”, diz.

Fonte: G1

Share:

Written by

A Loupe Consultoria em RH é uma consultoria em Recursos Humanos especializada na busca de candidatos em middle management, em todo o território Nacional.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>